domingo, 6 de janeiro de 2008

O Elevador

Quando eu era mais nova - porque de velha não tenho nada – eu sempre brincava com minhas amigas sobre “adivinhações”, “o que é o que é?”, “quem sou eu?” e essas coisas que crianças adoram brincar. Lembro-me claramente de uma das perguntas, “qual o único meio de transporte que não faz curva?”, ficava pensando, pensando, pensando e para a minha surpresa, a resposta era um meio que me fascinada e me fascina ainda hoje, o elevador.
Não me lembro ao certo a primeira vez que entrei em um elevador, mas lembro que minha mãe disse que meus olhos brilhavam, brilhavam e minha boca custava a se fechar. Quando o elevador “falava” comigo perguntando o andar que eu queria ir, informando a hora certa, ou então avisando se o elevador estava subindo ou descendo me deixava mais fascinada ainda. Como se diz em marketing, este advento me deixou encantado, superando minhas expectativas. Ficava horas e horas tentando entender como aquele mecanismo funcionava e admito que até hoje não sei exatamente como acontece.


A vida é uma coisa bastante engraçada, o que me tirava o fôlego no passado hoje me faz refletir em como ele influencia o convívio humano. Desculpe-me a intimidade, mas você que está lendo esse texto seja em sua casa, esperando ou elevador ou nele mesmo, já deve ter passado por uma situação constrangedora dentro deste meio de transporte. Quando digo constrangedora, quero emplacar o mais amplo sentido desta palavra. Quantas vezes você já esteve do lado de uma pessoa desconhecida, cumprimentou a pessoa como uma voz bem baixa – quando falou alguma coisa – e não ouviu resposta do outro lado, indo os dois calados, estáticos sem dar uma palavra. Ou então quando, você mulher, se sentiu paquerada, ou até mesmo percebeu olhares mais insinuantes em direção ao seu corpo. Um dos que eu mais gosto é quando sempre tem um “gaiato(a)” para ficar de conversinha com você, quando o que mais se quer é chegar em casa, tomar banho e dormir.
Eu entendo, eu entendo tudo isso, mas você já se perguntou porque a maioria dos celulares não pega / pegava dentro do elevador? Por que a cada dia que passa malmente conhecemos o nosso vizinho de porta, ou então como em algumas vezes já aconteceu comigo que eu entro no elevador e vejo um rosto desconhecido, e para a minha maior surpresa, percebo que essa pessoa já mora no prédio há alguns anos. Porque a cada dia nos isolamos em nossos “mundos particulares” e esquecemos que não estamos no “mito da caverna” como já disse o grande filosofo Sócrates.
Acho que questionamentos como esse nos fazem repensar muito em como estamos levando a nossa vida. Já diria Oswaldo Montenegro, “aonde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora”, na sua linda e triste canção “A lista” – a qual eu recomendo que todos ouçam, e a qual acredito que fala por si só.
Se encontrarem o caminho parecido com o qual cheguei, uma série de possibilidades poderá surgir na sua cabeça. Sei lá, sair abraçando todos os quais nos rodeiam - o que para mim seria excelente, mas se não se acha tão audacioso, lembrem-se que se relacionar com quem está próximo conosco é necessário e fundamental para qualquer ser humano, além de ser bastante sadio, de se trocar experiências e laços afetivos e tantas outras coisas boas as quais podemos fazer.
Comecemos bem esse ano...Pense nisso!
“Vamos consertar o mundo, vamos começar lavando os pratos. Nos ajudar um aos outros, me deixar amarrar os seus sapatos”.
Hebert Vianna


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