quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Como fazer amigos

Durante esses meus poucos, rápidos e tão longos anos de faculdade percebi o que realmente importa ali dentro. Muito mais do que matérias específicas, trabalhos densos, intensos e longos, cursos extras, aulas extras, palestras ficou a amizade, o companheirismo, a relação inter-pessoal com os seus colegas de sala, professores, atendentes, zeladores e até mesmo com o brodinho chato que não deixava estacionar o carro na vaga dos professores. São lembranças ao lado dessas pessoas que você levará para o resto de sua vida. Então, me peguei pensando como conheci essas pessoas, como fui chegando mais próximos dela e as conhecendo de fato e percebi que a melhor maneira de conhecer uma pessoa, é fofocando.

É isso mesmo nobres leitores, essa arte milenar que atravessa os céus, estrelas e anos luz e que com certeza você já a fez em algum momento de sua vida é o chamariz, a porta de entrada, o convite, o preâmbulo de o inicio de uma amizade.


Sempre começa assim. Você acaba de chegar em um lugar, não conhece ninguém. Ai fica na sua, meio reservado, observando as coisas, o movimento, às pessoas. Até que de repente alguém cai no meio do corredor e se espatifa todo no chão. Você imediatamente pensa consigo mesmo, “se fudeu!” e por alguns instantes deixa transparecer um sorriso sarcástico na boca. Ao mesmo tempo que toda essa ação de pensamento e movimentos faciais acontecem, você move o seu olho pelo espaço tentando encontrar alguém quem tivesse visto a mesma cena que você e tenha compactuado do mesmo sentimento que o seu. Rapidamente você encontra um sacana que está chorando de rir com toda aquela situação e começa a rir junto com ele. Pronto, vocês ligaram o mesmo canal. Ao perceber que você está rindo, essa pessoa se aproxima de você e solta aquela velha frase “você viu?”. Porra, se você está rindo junto com ele da situação, é porque com certeza você também viu, e ai é que mora o segredo, pois mesmo sendo uma pergunta obvia, você responde e começam a conversar. Ai meu velho, se ambos estiverem sozinhos começam a conversar sobre a vida, os astros e falar de toda e qualquer pessoa que passar por eles naquele período. Pronto, você já fez um amigo. E engraçado, é que se um amigo de um dos dois passar e o avistar, o mesmo é chamado para fazer parte da “fofocada” e, da mesma forma, vira amigo do até então desconhecido.


De outra forma, mas com a mesma essência, você percebe a mobilização de um novato. É engraçado como seres que tem esse nobre titulo, tem a capacidade de criar uma atração a outros da mesma espécie tão ameaçada da cadeia alimentar. Um novato se junta com o outro, que junta com o outro e começam a andar juntos e ai, o que acontece? Começam a fofocar sobre a fauna que está ao seu redor, pois essa é a melhor maneira de se defender. E como eles começam a conhecer outras pessoas? Quando as pessoas de quem eles estão fofocando, também são o alvo dos seus “novos amigos” e todos se aglomeram para falar dessa pessoa.


Me lembro claramente de quanto chegava na cantina durante o intervalo, ou durante as aulas mesmo, sentávamos juntos, quase sempre regrado de um bom, ou nem tão bom, domino, tecíamos comentários sobre as pessoas que estavam habitando o mesmo espaço que nos. Sempre alguém que estava esperando a próxima partida para jogar, começava a interagir na conversa, dando suas opiniões e comentários. Mas o mais engraçado disso é que nem sempre conhecíamos essa pessoa e ela, automaticamente, passava a fazer parte do nosso grupo.


E até mesmo o capitão-do-mato Vinícius de Moraes, poeta e diplomata, o branco mais preto do Brasil, na linha direta de Xangô quando disse sua celebre frase que nunca tinha visto ninguém fazer amigos em padaria tomando leite, que amigo se faz é bar, bebendo e ainda complementou que o wisky era o melhor amigo do homem, que o wisky era o cachorro engarrafado, com certeza com a mesma pessoa que ele declamou tal poema ele estava fofocando sobre as meninas que estavam no bar, querendo saber qual seria a sua próxima esposa.


Amigo, se faz fofocando!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

diferente

Uma pergunta bem simples...o que se é capaz de fazer por alguém que se ama?

Os mais extravagantes diriam dar uma jóia, talvez uma viajem para Paris, uma bolsa de uma grife muito cara, um scarpin e quisá um carro novo. Os mais poético, programariam um jantar a luz de velas, incensos, um bom vinho. Os românticos da segunda geração, diriam que seriam capazes de dar a vida pela pessoa amada. Prefeririam morrer a vê-las abaixo de sete palmos. Os mais alternativos, talvez, diriam que o amor é um estado de espírito aonde dois seres apenas se encontram, comprariam dois ingressos para uma baladinha e iriam juntos curti-la. Os apaixonados que seguem a linha de Camões, seriam capazes de comprar um caminhão de rosas e contratar um avião para jogar todas elas em cima da casa da amada e observar isso bem de longe, “platonizando” o seu amor. Outros tipos de serem apaixonados seriam capazes de dar aquilo que sua amada deseja incondicionalmente e vê-la usando com outra pessoa que não fosse ele, pois a felicidade do ser amado o faz feliz.

Poderia ficar o dia todo tentando traçar perfis e atitudes das pessoas, mas não é isso o que importa. Quando se ama alguém, você só quer uma coisa... Talvez, o dinheiro ajude a trazer a pessoa amada para mais perto de você. Isso não quer dizer que eu concorde que você tenha que “comprar” quem se ama, ou que você tenha que gastar para conquistar essa tal pessoa, porque na verdade não importa o quanto você gasta, mas o porque você gasta. Se você “gasta” com alguém é porque, ou deveria ser assim, se sente bem com isso. Essa não é a melhor maneira de dizer que ama, mas talvez seja uma, até porque, às vezes – e mais uma vez, às vezes – a pessoa do sexo oposto gosta de se sentir importante, gosta de saber que você é capaz de tudo por ela, capaz de “coçar” o bolso, que dinheiro não é problema, mas sim a sua felicidade.

Eu estou meio confuso com tudo isso, pois não sei ao certo se devo pagar as coisas para quem amo ou não. Se na verdade, isso é uma coisa sadia ou não. Mas o que eu tenho certeza, é que acima de tudo isso, está o contato inter-pessoal entre esses dois seres, que nem sempre se amam mutuamente, e isso é o que importa. Só se quer estar junto, estar perto, ouvir a voz, sentir a suavidade das mãos, “do cotovelo”, sentir o seu cheiro - que por tantas vezes invadiram o seu quarto durante as lembranças, o teu cabelo negro, tuas manias, gestos. Amar é quer ver o seu amado bem, é querer vê-lo do seu lado.

Essa pergunta, não é tão simples o quanto se imagina, pois sua reposta pode ser mais vaga do que a imensidão do universo ou pequena como um próton. Não depende só de você, mas no que tudo isso pode te levar, e ai você pode escolher desbravar um caminho que talvez não tenha mais volta, mas um caminho antes nunca caminhado ou ficar esperando mapas que lhe guiem.

Que linha seguir?