É isso mesmo nobres leitores, essa arte milenar que atravessa os céus, estrelas e anos luz e que com certeza você já a fez em algum momento de sua vida é o chamariz, a porta de entrada, o convite, o preâmbulo de o inicio de uma amizade.
Sempre começa assim. Você acaba de chegar em um lugar, não conhece ninguém. Ai fica na sua, meio reservado, observando as coisas, o movimento, às pessoas. Até que de repente alguém cai no meio do corredor e se espatifa todo no chão. Você imediatamente pensa consigo mesmo, “se fudeu!” e por alguns instantes deixa transparecer um sorriso sarcástico na boca. Ao mesmo tempo que toda essa ação de pensamento e movimentos faciais acontecem, você move o seu olho pelo espaço tentando encontrar alguém quem tivesse visto a mesma cena que você e tenha compactuado do mesmo sentimento que o seu. Rapidamente você encontra um sacana que está chorando de rir com toda aquela situação e começa a rir junto com ele. Pronto, vocês ligaram o mesmo canal. Ao perceber que você está rindo, essa pessoa se aproxima de você e solta aquela velha frase “você viu?”. Porra, se você está rindo junto com ele da situação, é porque com certeza você também viu, e ai é que mora o segredo, pois mesmo sendo uma pergunta obvia, você responde e começam a conversar. Ai meu velho, se ambos estiverem sozinhos começam a conversar sobre a vida, os astros e falar de toda e qualquer pessoa que passar por eles naquele período. Pronto, você já fez um amigo. E engraçado, é que se um amigo de um dos dois passar e o avistar, o mesmo é chamado para fazer parte da “fofocada” e, da mesma forma, vira amigo do até então desconhecido.
De outra forma, mas com a mesma essência, você percebe a mobilização de um novato. É engraçado como seres que tem esse nobre titulo, tem a capacidade de criar uma atração a outros da mesma espécie tão ameaçada da cadeia alimentar. Um novato se junta com o outro, que junta com o outro e começam a andar juntos e ai, o que acontece? Começam a fofocar sobre a fauna que está ao seu redor, pois essa é a melhor maneira de se defender. E como eles começam a conhecer outras pessoas? Quando as pessoas de quem eles estão fofocando, também são o alvo dos seus “novos amigos” e todos se aglomeram para falar dessa pessoa.
Me lembro claramente de quanto chegava na cantina durante o intervalo, ou durante as aulas mesmo, sentávamos juntos, quase sempre regrado de um bom, ou nem tão bom, domino, tecíamos comentários sobre as pessoas que estavam habitando o mesmo espaço que nos. Sempre alguém que estava esperando a próxima partida para jogar, começava a interagir na conversa, dando suas opiniões e comentários. Mas o mais engraçado disso é que nem sempre conhecíamos essa pessoa e ela, automaticamente, passava a fazer parte do nosso grupo.
E até mesmo o capitão-do-mato Vinícius de Moraes, poeta e diplomata, o branco mais preto do Brasil, na linha direta de Xangô quando disse sua celebre frase que nunca tinha visto ninguém fazer amigos em padaria tomando leite, que amigo se faz é bar, bebendo e ainda complementou que o wisky era o melhor amigo do homem, que o wisky era o cachorro engarrafado, com certeza com a mesma pessoa que ele declamou tal poema ele estava fofocando sobre as meninas que estavam no bar, querendo saber qual seria a sua próxima esposa.
Amigo, se faz fofocando!