segunda-feira, 6 de outubro de 2008

05 de outubro de 2008

Mais um dia de eleição. Acabo de tomar banho e estou me maquiando para sair de casa, sair em grande estilo para um dia tão importante como esse, dentro de uma Republica Federativa que tem em sua carne e sangue a democracia como mãe genitora de todos nos.
Saio de minha casa e fico a observar a maravilha desse dia tão empolgante para todos os eleitores da minha nação. A festa da democracia, o momento aonde o povo tem a condição de “expor a sua voz” é comemorado com a maior felicidade, regrado a samba, com alto, mulheres de biquíni pelos bares, os homens jogando dominó e muita, muita cerveja para celebrar tudo e, quem sabe comemorar o vitória do candidato escolhido. A festa é tanta e tão contagiante para algumas pessoas, que essas, primeiro comemoram junto com seus amigos e companheiros para depois colocarem o numero – se lembrarem- do candidato que deu uns sacos de cimento e a cerveja do bar que todos estão tomando, alegremente, hoje. Mas não tem problema um “mero esquecimento”, vota no primeiro numero que vem na cabeça, ou no papelzinho que lhe entregaram no caminho, pois o importante é comemorar.



Falando em receber papelzinho, eu gosto muito das eleições por um aspecto bastante importante para a economia da nossa cidade, que é o aumento de emprego. Pare e pense quantas pessoas são contratadas, seguindo as leis trabalhistas, para ficar entregando os santinhos no dia da eleição, e muitas vezes na porta dos postos eleitorais? Fora que essa iniciativa ajuda o eleitor esquecido, desinformado, bêbado, desinteressando, desastrado a votar em um candidato que com certeza mudará o futuro do local aonde ele habita. Mas ai, você caro(a) leitor(a) pode se perguntar que esse acumulo de papeis no dia da eleição, que por sinal – quero destacar- é uma atitude louvável, pode sujar a cidade a toda, entretanto eu lhe lembro que se não houvesse lixo, pra que iria existir gari? E digo mais, se não houvesse gari, eles não teriam que contratar mais para limpar a cidade, diminuindo assim o numero de desempregados. Olha que coisa boa, os políticos nem foram eleitos e já estão cumprindo com a, eterna, promessa de diminuir o desemprego.

Estive me lembrando de outra coisa bem legal no dia de eleição. Domingo é “o dia da família brasileira”, dia de acordar cedo, de você tomar um banho, ler o jornal e ir votar. Mas como o mundo está perdido e as pessoas já se esqueceram de velhos e bons costumes o dia da eleição vem para lembrar isso a todos nós. Nada melhor do que ser acordada com um imenso “buzinaço” na porta de sua casa ou com o jungle de um candidato qualquer nas alturas. Além de você levantar rápido e com um ótimo humor, serve mais uma vez para te lembrar o numero de algum dos que disputam a uma vaga caso você ainda esteja indeciso. Da mesma forma acontece quando você está andando, ou mesmo de ônibus ou carro e fica do seu lado, um carro de som, nas alturas lhe caridosamente lhe lembrando o número de algum candidato.

Após votar, regresso a minha aconchegante casa aonde eu tomo banho, almoço, repouso e fico a espera do inicio da apuração dos votos. Enquanto a caixa retangular estava ligada apenas para me fazer alguma companhia, entrei na internet, visitei o site do TRE e fiquei a olhar alguns candidatos a vereador, com a intenção de encontrar algum nome conhecido, nome de algum amigo, primo, guardador de carro, garçom, flanelinha, primo, parente, sei lá. Não os encontrei e na verdade não quis continuar essa busca, queria mesmo era saber sobre a apuração dos votos e começar a ver a porcentagem dos candidatos.


Finalmente a hora esperada chegada e as urnas começam a ser computadas. Os maiores portais se mobilizam para passar a informação ao internauta em tempo mais do que real. A televisão, que antes apenas figurava, agora faz um papel bastante importante sintonizada em um programa exclusivo da apuração das eleições. As horas foram passando, as coisas ficando mais claras, os resultados aparecendo de forma mais concreta. Voltei aquele site com o nome dos vereadores. Agora ele já dava a posição e quantidade de votos de cada um deles. Achei bem legal aqueles que estavam em primeiro lugar. Um era um professor, que usou de todo o dinheiro que podia e até mesmo de ajuda, ilícita, na sua campanha. O ou “a” é um dançarino de uma banda de pagode, totalmente preparado para assumir o cargo de vereador de uma das maiores e mais importantes cidades de Salvador. E assim foi seguindo a lista, com cada figura mais interessante do que a outra. Fui visitar a relação de outras grandes capitais e a cena se repetia. Teve uma, na verdade a do maior curral eleitoral do pais que um cidadão depois de tentar a vida de cantor de pagode, de tentar ser apresentador de programa de televisão nos nossos domingos, dar um murro na cara de um repórter apelou para a sua popularidade, se candidatou a vereador e foi eleito como o 3º mais votado. Na outra, um comediante, também como o 3º mais votado...isso é uma maravilhosa zorra!





Creio cada vez mais no poder da eleição e no poder que o povo tem e melhor ainda, no poder que sabe que sabe que tem. Vou ficando por aqui, pois quando tomei banho esqueci de tirar a minha maquiagem, o meu rosto ainda está pintado de palhaço. Como todos os votos foram apurados, já posso tira-la, mas tenho que me programar para comprar mais para o dia 28 de outubro